Aquelas conversas sobre o homem ideal sempre rola entre amigas. São uma constante troca de opiniões, gostos, vivências, beijos, lágrimas, sorrisos e tudo que complete a bagagem que nos dá a certeza do que realmente queremos no futuro. Depois de mágoas choradas, desabafos colocados pra fora e muita figurinha trocada, ambas amigas se consolam baseando-se no mesmo clichê que todos usam nesses momentos: “Você ainda vai conseguir encontrar alguém ideal, seja otimista.”
O conselho pode ser até previsível, mas geralmente ajuda, surte um efeito de esperança, de compreensão, cumplicidade entre quem está dando e quem está recebendo. Mas é um conselho que pode também não servir para quem já tem no coração a certeza de ter encontrado a pessoa ideal, porém, o que altera a história agora já não é a falta da pessoa certa e sim a posse dessa pessoa. Não basta ter encontrado, necessita-se de ter a pessoa. Só que amiga é amiga, e sempre vai ter ouvidos, colo e conselhos para dar e vender. Aí é que mora o problema. Compreender o vazio, a falta de alguém, a busca, é muito mais fácil do que compreender o querer, o gostar por alguém que ainda não sabe ou não corresponde. Colo todo mundo sabe dar, conselhos brotam pelo mundo afora, mas silenciar diante dos sentimentos solitários dos outros é algo extinto. As pessoas já se acomodaram tanto no cargo de amiga conselheira que se esquecem de apenas ouvir, se esquecem de olhar de verdade, de se doarem as dores do próximo para assim conseguirem realmente entender. Só se preocupam em ajudar a partir de suas próprias experiências. Pensam em suas dores já vividas, problemas já superados ou não, e assim acham que a vida se faz de tudo aquilo que se pode poupar. Poupa-se um risco para evitar uma possível dor. Poupa-se uma expectativa para assim evitar uma possível frustração. Poupa-se uma entrega para tentar evitar uma desilusão. E assim por diante. A grande maioria das pessoas se concentra em impedir ao invés de simplesmente ir. É raríssimo ouvir alguém dizer: “Se arrisque mesmo sabendo que pode doer. Sonhe, crie expectativas e não pense no depois. Se jogue, se entregue e mesmo se houver uma desilusão acredite que tudo o que se sentiu antes vale mais a pena do que o não sentir nada.”
O mundo ficou frio e automático. As pessoas ficaram distantes e insensíveis. Elas falam, mas não escolhem as palavras. Elas ouvem, mas não escutam. Elas gostam, mas não amam, tem medo do amor. Elas se relacionam, mas não se entregam, não se mostram por completo. Elas ajudam, mas não doam, não se doam. Elas entendem, mas não compreendem. Elas aconselham, mas não se colocam no lugar do outro para saber se é válido o que dizem. Elas cuidam do coração, mas não sentem o (pelo) coração. Elas querem, mas acham que não podem. Elas existem, mas não vivem!
Portanto, quando uma amiga disser que entende, mas percebe-se que não compreende, pois continua aconselhando ao invés de silenciar, continua se preocupando em tentar ensinar o que se deve evitar ao invés de insistir e arriscar, continua acolhendo com carinho mas negando que lutar pelo que o coração quer pode doer futuramente, tenha pena! Tenha pena de quem segue a razão e não o coração. Tenha pena de quem não enxerga o que só o coração faz ter sentido. Tenha pena de quem ainda está com os olhos cegos, a boca nervosa, o tato receoso, a audição fraca, o olfato adormecido, e o coração racional. Intuição faz sentindo, sentir faz sentido, compreender faz sentido, esperar faz sentido, amar faz sentido, e tudo que faz sentido vale à pena!
Se alguma voz já sussurrou em seus ouvidos e tanto o tom como o sotaque fizeram seu coração pular, apure mais os ouvidos e continue escutando, não desista. Se uma gentileza, uma doçura, uma boa educação ou um coquetel completo de boas qualidades te deixou sem palavras, continue em silêncio, continue aprendendo a conhecer o que te faz bem, não resista. Se alguma personalidade te chamou a atenção, te deixou maravilhada com tamanha compatibilidade e te fez querer perder a noção das horas enquanto trocavam experiências, quebre o relógio, desligue o celular e esqueça o calendário pelo menos enquanto estão juntos, conheça mais, se perca do tempo. Se um poema que te indicaram fez sentido logo no momento em que mais precisava e te deixou sorrindo atoa, se delicie com tamanha doçura e acredite que ainda existe romantismo, sonhe mais. Se um elogio te fizer repensar sobre algo que acreditava incomodar e te deixar corada de vergonha, não esconda a alegria, inspire-se também e ame-se mais. Se um sorriso te deixar de pernas bambas, não esconda, se jogue, sorria de volta, sorria pro mundo, sorria mais todos os dias. Se te surpreenderem com paciência mesmo quando estiver falando abobrinhas e te deixarem a vontade como ninguém nunca fez, não duvide, esqueça a precaução, jogue mais conversas fora e perca tempo com quem também não se importa em perder tempo com você. Se um romantismo, uma fofura e uma simpatia cruzarem seu caminho ao mesmo tempo te deixando sem ar, abra os braços e abrace com vontade, acolha, retribua, acredite que é sincero e se doe também. Se tudo isso e mais um pouco bater a sua porta, não tenha medo, não fuja da felicidade, não se esconda do amor, não duvide da paixão. Suas pernas vão bambear, seu coração vai acelerar, borboletas vão se debater em seu estômago, suas mãos vão suar, seu pulmão vai parecer sem ar, seu mundo vai parecer girar mais rápido... Aproveite cada sensação, cada momento, cada segundo. Sua intuição vai falar e seu coração vai concordar. Assine o contrato que eles irão lhe propor e vá viver ao invés de existir. Vá amar ao invés de gostar. Vá sentir o que talvez sua amiga nunca tenha sentido e por isso ela lhe dirá para não acreditar que dessa vez é pra valer. Nunca duvide de si mesma. A verdade do que é ou não pra ser seu, estará sempre dentro de você! Acredite em si mesma, acredite que seu coração fala com você e perceba os sinais que seu corpo lhe dá. O mundo pode ter esquecido do amor, da sensibilidade, da compreensão e do silêncio que se faz necessário quando o que realmente importa acontece dentro de nós, mas você não precisa acompanhar a maioria. A minoria é sempre a exceção, e a exceção é sempre o que faz a diferença. A diferença que você fará no mundo é essa. Seja também uma raridade. Sinta!
2 comentários:
Ooi Teté!
Nossa, faz quanto tempo não passou por aqui hein?! auhauauaauhaua
To arrepiada e sem palavras até agora depois de ler esse seu texto, acho que foi um dos melhores, se não o melhor, justamente porque concordo com cada palavra escrita! Eu amo sentir, amo ser esse ser emocional e sentimental, amo não ter razão e ah, eu AMO amar! =)hihi
Beijos, e sucesso sempre! ;*
Oi Téé, então fiquei ausente por alguns probleminhas pessoais e até escrevi bastante sobre isso. Agora já está tudo bem, mas estou dando um tempo pras coisas amenizarem e pra poder postar esse texto... =)
Que bom que gostou do meu texto também! Continue sempre assim iluminando, sentindo, amando e compartilhando tudo isso, estou sempre por aqui, tudo de bom! ;*
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