sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Parte III: O mais estranho amor da minha vida

Continuação, á pedidos. Texto para o blog: Amores-cruzados

Mais um dia nascia e junto com ele vinha toda a minha alegria e disposição que tinham fugido de mim durante anos ao acordar para ir para o colégio. Ao me sentar na cama para espreguiçar direito e dar bom-dia ao sol, notei que havia dormido com os dois pedaços de papel na mão, aqueles que o estranho menos estranho havia me dado nos meus anteriores melhores dias. A rosa também estava ali, em cima do criado ao lado da minha cama, em um copo longo e cheio de água que coloquei para mantê-la viva perto de mim por mais tempo. Então, soltei os bilhetes que estavam em minha mão ao lado do computador, em cima da escrivaninha, e fui abrir as cortinas da janela para admirar o sol. Mas tive uma bela decepção, pois o sol tinha esquecido de nascer aquele dia para mim. No lugar dele havia um céu nublado e muito escuro, gotas pequenas escorriam pelo vidro de minha janela e eu fiquei perdida em meus pensamentos já pensando que meu novo dia talvez estivesse mais uma vez arruinado por acontecimentos do destino que insistiam desde ontem em atrapalhar meus planos. Antes de tudo, arrumei a mochila no maior mau humor, troquei de roupa, coloquei um casaco e enfiei de uma vez um guarda-chuvas dentro do bolso lateral da mochila e desci para a cozinha onde vovó me aguardava como todas as manhãs. Tomei meu café o mais depressa que pude e assim que larguei a caneca na pia, vovó me surpreendeu:
- Por que está com essa pressa toda e mais esse mau humor no rosto querida?
Será mesmo que eu não podia passar despercebida quando mais precisava disso? Será que ela não podia simplesmente notar os dias em que eu estava mais feliz do que de costume? É... Acho que não:
- Nada vovó, só dormi mal e estou com medo de me atrasar para a aula por causa da chuva.
Eu menti mesmo sabendo que não devia. O que eu menos queria naquele momento era toda uma interrogação como só vovó sabe fazer até encontrar no meio das minhas péssimas respostas o real motivo dos meus sentimentos.
Antes que ela pudesse dizer algo mais eu já estava na escada. Terminei tudo lá em cima o mais rápido que pude e desci, me despedi de vovó na porta e abri o guarda-chuvas quando me coloquei a enfrentar aquele dia mais frio e nebuloso. A garoa estava fina, mas não deixava de molhar quem insistisse em andar debaixo dela. Em poucos minutos cheguei à escola. Dessa vez, em ponto. Entrei na sala junto com o professor de português. Acomodei-me em minha carteira ao fundo e durante os cinco horários em que estive dentro de sala, viajei nas janelas, concentrada na chuva e torcendo para que ela parasse logo. O sinal para o último horário bateu e voei para fora de sala fechando minha mochila as pressas. Escondi-me no banheiro e assim que as turmas mais novas começaram a sair – eles não têm sexto horário – me infiltrei no meio deles e sai para o portão afora. Respirei fundo e fiquei aliviada, enfim eu tinha conseguido escapar e estava indo ao meu encontro. Foi quando escutei um trovão bem forte á minha direita e assim que olhei pro céu, a chuva começou a cair como se eu tivesse pedido por aquilo. Olhei pra todos os lados na esperança de encontrar um lugar próximo para me esconder, mas nada havia ali a não ser casas e vários portões trancados. Puxei minha mochila pra pegar o guarda-chuva que já não ajudaria muito. Mas vasculhei todos os bolsos e até dentro dela onde havia os livros, mas o guarda-chuva não estava ali, eu realmente tinha esquecido ele debaixo da minha carteira, afinal, sai com muita pressa da sala. No estado em que eu já estava só me restava correr e chegar logo onde devia ir. Quando estava virando a última esquina que dava na ponte, uma mão me puxou pelo pulso, fazendo com que eu parasse bruscamente sob a calçada batendo no peito de alguém que estava segurando um enorme guarda-chuva. Olhei para a pessoa e reconheci meu querido estranho. Ele me olhava com um delicioso sorriso e o brilho de seus olhos parecia brincar com o que estavam a observar. Senti-me a mais patética de todas ali parada tão próxima dele e completamente ensopada. Eu pingava dos pés a cabeça e agora já recuperando o fôlego, comecei a sentir uns arrepios subindo pela minha nuca, pois o vento que batia em mim não estava sendo amigo, pelo contrário, ele era meu inimigo, o frio não iria me abandonar nessas circunstâncias em que me meti:
- Você realmente deve estar congelando nessas roupas pesadas e molhadas, me deixe te levar em casa, se ficar aqui nesse vento frio, amanhã não terei chance de te ver.
E ele soltou mais um daqueles lindos sorrisos que me faziam perder o equilíbrio. Eu estava me segurando pra ser firme quando precisasse encontrá-lo, mas agora que estava sendo totalmente real, não me contive e já não sabia mais dizer se estava tremendo de frio ou de nervosismo:
- Me levar pra casa? Mas... Como?
Só depois de soltar minhas bobas e trêmulas palavras que notei a grande burrada que eu estaria fazendo. Eu nem sabia o nome dele, não conhecia nada sobre ele na verdade e eu não podia ir para casa, como explicaria a minha avó o motivo do meu banho de chuva e também por que não estaria naquele momento na minha última aula? Ele me olhava com ar de curiosidade, acho que minha expressão denunciou que eu não estava de acordo com aquilo:
- Sei que você ainda deve ter suas dúvidas e receios sobre mim, mas, por favor, não me deixe pensar que por minha culpa amanhã você pode estar de cama e sem poder vir me encontrar.
O brilho dos olhos dele parecia cada vez maior à medida que ele falava. Eu estava sendo dominada por todo aquele momento e por tudo que ele fazia ou dizia:
- Mas vai me levar pra casa como?
Ele olhou nos meus olhos, pegou na minha mão e me induziu a passar o braço pela sua cintura, assim eu estava abraçada a ele totalmente protegida da chuva debaixo daquele guarda-chuva tamanho família. Ele foi caminhando comigo ao seu lado, atravessou a rua, contornou um Honda Civic que estava estacionado ao laço da calçada e abriu a porta pra mim:
- Estou toda molhada, não posso entrar ai.
Ele fez sinal com a mão para que eu entrasse mesmo depois do que eu disse e eu certamente não conseguia recusar nada, entrei. Fiquei observando ele contornar o carro novamente até chegar à porta do motorista e entrar. Eu estava sentada desconfortavelmente na poltrona ao lado dele preocupada com o estrago que minha roupa molhada faria no estofado do carro dele. Invés de ele ligar o carro, ele sentou mais inclinado para a direita em minha direção e se pos a me olhar:
- Então, será que posso ao menos saber o nome da minha linda admiração?
Aquelas palavras produziram um fervor nas minhas bochechas. Eu queria entender como eu poderia ser a nova admiração dele sendo que eu era uma menina totalmente comum, e que mal conseguia se dirigir a ele com classe nas palavras como ele fazia comigo:
- Paula, e o seu?
Ele parecia meio absorvido em suas próprias idéias depois que ouviu meu nome:
- Paula? Já ouvi falar que pessoas com esse nome têm o lema de permanecer sempre ao lado de quem precisa de ajuda, considere-se então assim mesmo, pois vou precisar muito de você a partir de hoje. Mas, muito prazer. Me chamo Danton.
O que afinal ele queria dizer quando afirmou que precisa de mim? E além de conseguir ter todo um controle sobre mim devido a sua incrível elegância ele também era culto e sabia até mesmo significado dos nomes? Ou será que ele era algum tipo de espião e estava me tomando como obsessão doentia? É... Eu já estava viajando e ele ali, parado, olhando pra mim, esperando uma resposta:
- Ah! Muito prazer também!
Foi o máximo que consegui. Ele devia estar pensando que eu era uma anti-social:
- Mas me diga Paula, onde você mora? Já estou fazendo você ficar tempo demais com essas roupas molhadas.
Pensei comigo mesma se deveria ou não dar meu endereço, mas eu já estava dentro do carro dele e não tinha como sair, a chuva lá fora só apertava cada vez mais, então soltei o endereço pra ele e fiquei quieta na minha, observando a chuva batendo na janela e escutando a música que tocava no rádio que ele havia ligado. Acho que ele notou que eu estava mais uma vez viajando em meus pensamentos como na primeira vez em que me viu então não quis interromper. Só fui olhar para ele novamente quando vi pela janela que já estávamos parados na porta da minha casa:
- Obrigada por me trazer, mas agora preciso ir antes que minha avó veja que estou chegando com um desconhecido.
Ele pegou na minha mão e dessa vez eu percebi como a dele era quente e macia. Fiz menção de quebrar aquele momento, mas ele deu um aperto firme em meus dedos e levou minha mão até próximo de seu rosto dando-me um beijo carinhoso. Congelei por dentro naquele momento como se só por fora já não bastasse.
Danton me olhava fixamente parecendo estar esperando alguma reação minha, mas eu estava imóvel imaginando qual seria o próximo passo dele. E então, ele realmente tomou mais uma vez a iniciativa. Com a outra mão ele afastou os fios de cabelo molhados do meu rosto e chegou mais perto de mim, olhando bem nos meus olhos:
- Você é linda sabia? E seu cheiro é melhor do que eu podia sonhar.
Eu queria fugir dali, queria me esconder no meu quarto e tentar brigar com meus próprios pensamentos até descobrir por que ele mexia tanto comigo a ponto de eu ficar sem ação nenhuma, seja pra corresponder, ou seja, pra fugir.
Ele deve ter tomado meu silencio como algo positivo, pois ele foi se aproximando cada vez mais até colar seus lábios próximos de minha orelha e foi movimentando eles ali em minha bochecha até chegar perto de minha boca, e foi nesse momento que meu coração saltou tão forte que consegui reagir a ponto de assustá-lo. Peguei minha mochila ao chão do carro, abri a porta e sai para a chuva:
- Te vejo amanhã.Essa foi à única coisa que consegui dizer enquanto meu coração ainda pulava aflito. Não consegui nem mesmo entender como dei aquela ultima resposta para ele. Eu estaria mesmo maluca. Fugi dele e ao mesmo tempo eu tinha acabado de afirmar que estava aceitando vê-lo novamente. Não ousei olhar pra trás, mas também não escutei o motor do carro sendo ligado. Ele devia estar esperando eu entrar em casa para se certificar de que eu não tomaria mais chuva como assim era a vontade dele. Vovó não estava no andar debaixo e fiquei aliviada por isso. Subi correndo pro quarto, joguei a mochila em um canto, catei a primeira muda de roupa seca que vi pela frente e fui para o banheiro tomar uma ducha quente e me perder em meus pensamentos que estavam me matando por tudo aquilo que tinha acabado de acontecer.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A dois passos do paraíso ou do primeiro amor?


O céu azul, poucas nuvens, poucos turistas ali na praia àquela hora da manhã, o vento fresco ainda ganhava do sol que mais tarde estaria escaldante, e o mar pleno e azul límpido a minha frente balançava em mínimas ondas até a beira. Caminhei por um bom tempo ali junto à margem, sem saber do meu destino ou até mesmo o que estaria procurando. A vista de tudo naquele lugar era inspiração pra minha alma, um mundo azul e cheio de paz, tudo era belo e simplesmente encantador. A vida sendo analisada dali parecia perfeita, longe de tudo e qualquer coisa ruim que o mundo na verdade enfrenta. Cheguei a um ponto da praia em que me senti curiosa pelo que as pessoas ali faziam. Havia mesinhas vermelhas de plástico, espalhadas pela areia com cadeiras e sombrinhas multicoloridas. Sentei-me em uma das mesas vazias e fiquei a observar o que as crianças e talvez suas famílias fizessem ali na beirada da água. Tinha umas lanchas estacionadas logo mais e as crianças pareciam se deliciar com a idéia de passear em cima delas. Eu estava achando tudo muito interessante, sou uma observadora nata, aos mínimos detalhes. Comecei a analisar cada pedaço daquela área da praia em que eu tinha me metido. Quando pousei os olhos na mesa a minha esquerda, notei um casal. Estavam entrosados e absortos em sua própria conversa, eles dividiam um coco e nem se importavam tão pouco com o que acontecia a volta deles. A moça, magérrima e com longos cabelos negros estava de costas pra mim, não pude repará-la muito bem. Já o rapaz, estava de frente pra mim, pude notar suas feições. Olhos grandes e misteriosos, nariz fino e de um tamanho avantajado, boca bem desenhada, sorriso cativante, cabelos castanhos escuros escondidos por um boné branco. Assim que parei a analise na minha própria mente, os olhos dele cruzaram com os meus. Não sabia se deveria desviar, fiquei meio tonta com aquela ação inesperada dele. Alguma coisa naquele olhar me dizia que eu o conhecia de algum lugar. Abaixei meus olhos e comecei a lutar contra mim mesma pra lembrar de onde já havia visto aquele par de olhos. Revirei todo o meu presente e passado, até que cheguei aos meus 10 anos, estava na 3ª série novamente, era dia de prova e o aluno da mesa ao lado não parava de me lançar olhares, fazendo com que assim, meu coração correspondesse. Paixão de criança, mas já era uma paixão. João Vitor era o nome dele e eu sabia que jamais esqueceria aqueles olhos dentro da sala de aula. Acordei do meu próprio pensamento e me permiti ficar assustada ao saber que ali, ao meu lado, estava meu primeiro amor, e hoje, ainda com o mesmo belo par de olhos misteriosos, dedicava os olhares que foram meus um dia, para outra. Arrisquei dar uma nova olhada para ele, mas não devia ter sido uma boa idéia, pois dei de cara com ele me analisando e sem a moça por perto. Olhei pra frente e vi que ela estava lá, no meio de umas crianças, pronta para também passear em uma das lanchas. João Vitor não tirava os olhos de mim. Será que ele havia me reconhecido também? Não tive coragem de ficar ali para descobrir. O mundo estava pequeno demais naquele dia para mim e eu ainda tinha mais 10 dias para ficar em um mesmo paraíso que ele e seu novo amor.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Amor-próprio

Tem gente que sofre por amor, sofre por paixão, sofre por simpatia, sofre por amizade, sofre por ilusão e sofre até por empolgação, mas mesmo depois de tudo isso, ainda continua quebrando a cara como se a experiência de antes não tivesse valido pra nada. A cada erro, a cada sofrimento, a cada perda, o natural seria aprender com isso, tirar o lado positivo de cada situação e carregar isso para o resto da vida, assim jamais iriam passar por isso novamente, ou se fosse o caso até de passar, pelo menos já estariam vacinados contra esse tipo de problema. Errar é humano, mas errar sempre na mesma coisa é tolice ou falta de amor próprio. Ninguém é melhor do que ninguém pra ter o direito de prejudicar o próximo seja em sentimentos, palavras ou ações. Cada um deve saber do seu valor e guardar isso acima de tudo, dessa forma, já estará impondo certos limites para que nenhum outro ser egoísta e insensível possam levar de ti a sua própria alegria. Acredite! Existe gente ruim, gente que não consegue deixar de pensar só no próprio nariz e que nem percebe o quanto pode magoar ao próximo. E pior... Existe também gente que prejudica por querer realmente fazer isso. Esse tipo de pessoa é aquela que podemos classificar como 'orgulhosa'. Qualquer tipo de preconceito é sinal de orgulho. E arrogância é sinal de inferioridade. Não importa quem seja, mas se algum dia já te rebaixou, prejudicou, quis te ver mal, pode saber que o problema dessa pessoa é com ela mesma. Quem não consegue se sentir bem consigo, acaba querendo acabar com a imagem dos outros pra ver se dessa forma aumenta a sua própria auto-estima. Quem vive disso, fazendo isso e esperando por isso, não ta vivendo, está pecando, competindo por uma coisa que não tem prêmio. Cada um é cada um, todos tem seu valor. Humildade sim, nos fazer enxergar verdadeiramente como somos, no lado positivo e negativo. Saber aceitar tudo que somos e como somos já basta. É por isso que ressalto, vale a pena ter amor-próprio e nunca se sentir pior ou menor por idéias alheias ou sofrimentos que passamos pelos outros.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Certas pessoas mexem mais conosco

Não tem jeito! Isso sempre acontece, da melhor ou da pior forma. Passamos por diversas experiências na vida, diversos momentos, sonhos, pessoas... E naturalmente, tudo vem e vai, começa e termina. Mas sempre tem aquela experiência que levamos pra vida toda e jamais esquecemos, sempre tem aquele momento mais marcante e delicioso de se lembrar, sempre tem o maior e melhor sonho e com certeza também sempre tem aquelas ou aquela pessoa que deixa saudade e sentimentos mais especiais dentro de nós. Algumas somem do mapa, desaparecem de nossas vistas e às vezes nunca mais temos noticias. Outras dão sinal de vida de vez em quando, contam as partes mais importantes de suas vidas e vão embora novamente. E é claro, especialmente, também existe aquela pessoa que mesmo estando longe demais, sumida demais, quando resolve aparecer, faz nossos corações saltarem mais rápido mesmo que já estivéssemos achando que isso nunca mais aconteceria por essa tal pessoa. É incrível como até nas mínimas ações do dia-a-dia a vida ainda pode nos surpreender com uma agitação a mais no coração por alguém que já tínhamos tirado da cabeça. Enfim, não é nada que dure muito e nem nada que renda algo. Pelo contrário, acho que é só mais uma demonstração de que certo passado valeu a pena ou pelo menos poderia ter valido não é mesmo?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Parte II: O mais estranho amor da minha vida

Continuação, á pedidos. Texto para o blog: Amores-cruzados

Naquele dia acordei mais cedo do que normalmente sou acostumada. Adorei abrir as cortinas e poder sentir em meu rosto amarrotado, o sol ainda começando a expor seus raios mais fracos sob aquele céu esplendido que insistia em me fazer sorrir.
Vesti meu uniforme rapidamente como de costume, calcei o tênis e corri para o corredor já me adiantando pelo primeiro degrau da escada. O cheirinho do café da vovó exalava por todos os cantos da sala, copa e cozinha. Sentei-me animadamente em uma das pontas da mesa e tomei meu café com pão, queijo e presunto de todas as manhãs com uma felicidade maior do que de costume. Vovó como sempre entretida nos seus afazeres da cozinha e casa nem me olhou muito e aproveitei para logo subir ao banheiro e terminar de me arrumar para a escola. Na noite passada eu já havia programado todo o meu dia e como eu faria pra cautelosamente fugir da aula no mesmo horário que eu havia matado no dia anterior. Meu queridíssimo estranho menos estranho que já havia conhecido até ali, propôs um novo encontro que já me deixava saltitante por dentro só de pensar pelo que me esperava. Invés do medo por estar lidando com alguém talvez perigoso, eu estava era deliciosamente intrigada para descobrir por que ele teria mexido com as minhas estruturas que nem nunca foram frágeis assim a um olhar ou um sorriso.
Assim que vovó bateu a porta nas minhas costas me dando tchau e desejando um ótimo dia – que, aliás, eu sabia que teria – eu fiquei completamente imersa em meus pensamentos, e agora também em meus mais novos olhares e sorrisos. Quando dei por mim, já estava na calçada do colégio. Dei bom dia – como de costume - ao porteiro, meu amigo e entrei para o saguão onde dividia as salas. Naquele dia tudo estava ao meu favor. Na maioria das vezes eu chegava atrasada, não sei por que, mas chegava. E hoje, para a minha surpresa, estava até adiantada uns minutos. Entrei para a sala, sentei na minha carteira ao fundo como o mapa de sala previa para mim e fiquei mais uma vez concentrada nos meus pensamentos que não paravam de borbulhar. Perdi-me tanto dessa vez que quando despertei, percebi que já estava dando o sinal para a segunda aula. Esse dia realmente estava para mim, às horas iriam voar. Passei o segundo horário tentando brigar com umas contas matemáticas, o terceiro acabei no meio de uma conversa com minhas duas melhores amigas escolares, a hora do intervalo veio em seguida, o quarto horário foi bem chato, o professor de história estava mesmo rabugento, o quinto horário, biologia, estava indo bem até que... A coordenadora interrompeu a aula informando que o último horário – no qual eu pretendia e precisava matar – iria ser trocado do português para a química, sendo assim, teríamos prova no último horário e não mais no dia seguinte. Será mesmo que dá pra calcular o azar enorme que tive de um instante ao outro? E será que dá pra calcular mais ainda a raiva e a tristeza que me consumiram? Logo química? Preciso de tantos pontos, realmente, estava fora de cogitação à matança daquela ultima aula. Quando o professor de química irrompeu pela sala, eu quase quis voar no pescoço dele, mas me controlei, óbvio, e infelizmente, fiz a prova, ou seria melhor dizer que fiz a pior prova? Sai correndo sem dar explicações as minhas amigas assim que deu o ultimo sinal e cheguei à ponte do dia anterior bufando. Parei repentinamente na subida dela e suspirei já imaginando o que poderia ou não me aguardar. Quando enfim olhei por todos os lados e não vi nada nem ninguém, percebi que tinha mesmo perdido meu encontro, tudo bem, tudo bem, eu era a culpada pelo atraso, quer dizer, a prova era a culpada. Ao fundo da ponte, tinha uns banquinhos de madeira. Larguei-me em um deles e fiquei pensando no meu trágico destino. Um dia nunca é mesmo igual ao outro. Olhei mais uma vez para os lados na esperança de encontrar o vestígio de alguma sombra saindo de umas das árvores que cobriam o sol do pequeno parque a frente do lago e ao lado da ponte, mas nada havia ali. Foi quando percebi que no banco a minha esquerda, tinha uma rosa jogada, solitária. Fui até lá, peguei a flor com delicadeza entre os dedos e arranquei do seu caule um pequeno pedaço de papel que estava enrolado. Abri cuidadosamente e li:

“Minha mais nova linda admiração. Não pude te esperar por muito mais tempo. A flor era pra ser entregue pessoalmente, mas espero mesmo que você a encontre. Saiba que não desisti de nossos futuros e novos momentos. Tenha certeza de que não desistirei de você. Te vejo amanhã? Prometo esperar por mais tempo se assim for do seu agrado caso resolva demorar novamente. Não me deixe perder o que demorei tanto a encontrar. Você!”

Mais uma vez me peguei completamente flechada por um cupido poderoso. Não havia outra explicação para as minhas aceitações em toda essa história que aos olhos de qualquer outra pessoa iria se tornar cada vez mais maluca. Mas algo me dizia que eu não estava cometendo um erro ao permitir que esse estranho menos estranho de todos se aproximasse de mim. Afinal, os estranhos só deixam de ser estranhos quando os conhecemos. Enfim, meu dia não tinha sido tão perdido assim, eu ainda tinha um novo motivo pra sorrir e acordar mais feliz do que de costume novamente. A vontade de descobrir o porquê de tanta explosão no meu coração é que me permitia fazer daquele estranho a minha também mais nova obsessão.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Menos complicações e mais sonhos

Quando tudo parece estar se ajeitando, vem a destruição de planos para o futuro e acaba com toda a alegria de antes. Um vai e vem sem fim nos meus dias. Na mesma hora em que estou animada com alguém, no minuto seguinte já estou me permitindo ter um acesso de antipatia e raiva pelo mesmo. Na mesma hora em que estou pulando animadamente por saber que acabei de conseguir algo que há tanto tempo planejava, a uns minutos depois estou jogada na cama, abraçada ao meu travesseiro, transtornada com a falta de sucesso na continuação do mesmo planejamento. É claro que na vida tudo leva mais tempo para se alcançar e também se leva tempo (mesmo sendo menor) para cair em destruição.
Estou em um momento de desabafo pelos insucessos, pelos planos que fracassaram, pelos amores mal resolvidos, pelas falsidades que não suporto, pelas mentiras imperdoáveis, até mesmo pela falta de companhia quando mais quero e preciso mesmo que seja para uma festa.
Dizem que as melhores coisas da vida são saboreadas depois de muito esforço próprio, afinal, o que é fácil não tem graça. Mas também nem tudo que é difícil demais se alcança. Nunca desisto sem tentar, mas ás vezes me acho covarde por não conseguir mais persistir no que me parece inalcançável. Por isso sou mesmo uma sonhadora nata. Isso ninguém me cobra esforço, nem a vida.
Então... Sonho com um mundo melhor, sonho com mais felicidade, sonho com mais amor para todos, sonho com mais sucessos, mais verdades, mais sinceridades, melhores companhias, mesmo que para isso eu tenha que batalhar para ter. Sendo difícil ou não, eu quero menos complicações nos meus mais simples sonhos.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A felicidade existe mesmo acordando com o pé esquerdo

Assim como ouvi de algumas pessoas, passo isso adiante: “Felicidade completa a gente só encontra em comercial de margarina.”
To quase crendo que isso é verdade. O dia pode estar ótimo, a semana correndo bem, o mês indo de vento em polpa, mas sempre existe uma pedra no caminho, mesmo que seja minúscula. O mal da grande maioria é enxergar a pedrinha como uma “pedrona” e fazer disso algo mais importante do que todo o resto que se vive. Isso se chama exagero incrementando de pessimismo e não há felicidade que resista. As coisas boas só permanecem quando se consegue enxergá-las todos os dias por mais obstáculos que possa surgir para nublar.
Dar mais atenção e tempo para as pedras, desgostos, decepções, erros, problemas em questão, só nos tiram realmente do foco de tudo que possa harmonizar melhor nossas vidas e astrais. Pessoalmente falando, a felicidade está dentro de nós, basta querer tê-la todos os dias, desde quando se acorda com o pé direito ou esquerdo, até quando se leva uma crítica ou elogio. Tudo só depende de nós para fluir bem e continuar caminhando com positivismo.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Nem tudo está perdido

Tem dias que tudo parece estar fora do lugar. O carinha lindo de ontem é um insuportável hoje, a amiga conselheira de ontem virou a crítica hoje, e assim segue as infinitas mutações. Por essas e outras, acabo decidindo virar “zen” e esquecer de tudo e todos, vivendo cada momento como se fosse o único. Já brinquei que viraria freira por tantas desilusões amorosas, já disse que me casaria com meu namorado da época e por fim descobri que nem ele e nem o amor durariam para isso, já quase quis revoltar com a vida, mas acho que essa parte de virar louca é a única coisa que não consigo fazer (graças a Deus).
Sofro antecipadamente, sofro pelo que ás vezes nem chega a acontecer, sofro por quem não merece, já sofri até por quem nem sabia direito da minha existência. Um dia todo mundo cansa de dar cabeçadas na parede. Creio que esse dia também chegou para mim. Ainda tenho oscilações e dúvidas, mas to cada vez mais certa das minhas últimas vontades e decisões. Única delas que ainda me abala, mesmo sendo raro, é a idéia de ficar só. Chega um ponto que não dá mais pra adiar com as vírgulas. Sofrer também cansa, esperar cansa, procurar cansa... Viver sem preocupar com esses tipos de coisa não cansa, pelo contrário, faz um bem danado. Mas ninguém é de ferro e chega uma hora que um colo faz falta. É aí que percebo como ainda tem gente que possa valer a pena, mesmo depois de toda a revolta e generalização.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Vamos concertar?

Te ver passar assim por mim e não poder ao menos te parar e tomar uns minutos do seu tempo pra mim, é crueldade com meu coração. Lembro-me de quando passávamos horas conversando, planejando mais momentos juntos, contando um ao outro sobre momentos divertidos que passamos antes de nos conhecer. Quando estávamos juntos parecia que o tempo parava, era como se dali em diante tudo fosse acontecer assim, com você e eu, juntos. Acho que nossa vontade na época era mesmo assim, relacionada a um ‘sempre’ que nunca existiu ou nunca existiria. Mal sabe esses enamorados o tão errado estão em fazerem de suas vidas uma única apenas, fazerem de seus sonhos individuais, também um único. Depois que tudo deixa de ser conto de fadas, tudo deixa de ser pra sempre, vira nada mais, nada menos do que uma fossa com direito a arrependimento por terem perdido tempo fazendo planos para um futuro que não seria ‘nosso’ futuro. Invés de preocupar com o amanhã, todos esses corações mais coloridos deveriam se unir apenas pelo valor que habita dentro deles hoje, curtir cada segundo que possam ter hoje. Fico tão decepcionada comigo mesma quando percebo que perdi momentos ao seu lado preocupando com meu amor para o dia seguinte. Agora é assim... Você passa por mim como se eu fosse só mais uma parede que você enxerga bloqueando sua passagem. Longe de mim ser um obstáculo. Só acho que nem você mesmo percebeu ainda o erro que cometemos juntos. E se foi juntos, também podemos concertar juntos.

domingo, 19 de outubro de 2008

Roubei a atenção ou a cena?

Sentada no metrô, eu fiquei atenta a todos os movimentos do lado de fora. Borrões passavam pela janela mal ilustrada da porta mais próxima em que eu olhava. Estava tudo muito desinteressante. Foi quando notei o casal ao meu lado direito, conversavam animadamente sobre algo que estavam olhando na câmera que estava nas mãos do rapaz. A moça, ria timidamente como se a própria foto a deixasse envergonhada, e o rapaz parecia se divertir com tudo aquilo. Quando desviei meus olhos do casal, vi que alguém também me notara. No banco de frente ao casal, tinha um outro rapaz, com uma curiosidade no olhar. Assim que retribui o contato visual, ele abaixou a cabeça e em seguida correspondeu ao “psiu” que a moça da câmera fez para ele. Aquele casal então deixou de ser casal, pois afinal, era um trio de amigos, e aos poucos fui prestando atenção nas cenas que se seguiam. Cautelosa para o rapaz solitário não notar meu interesse na viagem deles ao meu lado. Pelo que percebi, a foto que tinha na câmera era do rapaz que estava sentado sozinho, a moça então estava quem sabe afim dele, porque todas as suas expressões e ações condenavam isso. O outro rapaz, dono da câmera ou não, estava ali no meio de tudo aquilo como um intrometido mesmo. Mas o tal rapaz que despertava o interesse da moça foi uma incógnita pra mim. Não soube dizer qual era a dele. O olhar dele era de curiosidade e oscilava às vezes para uma tristeza indecifrável. Ele parecia aceitar a brincadeira das fotos com sua própria imagem numa boa, mas quanto à moça... Digamos que ela seria só mais uma vítima de um interesse não correspondido. Só não compreendi muito bem por que tanto ele também me lançava olhares. Eu estava me esforçando bem, creio eu, para não olhar para eles, estava pescando tudo pelas falas e visões que o espelho da frente me gerava de onde estava sentada. Quando enfim me toquei de que minha parada estava próxima, me levantei rapidamente, peguei minha bolsa ao lado e fiquei de pé. Assim que a porta a minha frente se abriu com a brusca parada do metrô, lancei uma ultima olhada aos três, a moça e o rapaz da câmera mais uma vez entretidos com alguma foto e o rapaz solitário, ergueu o rosto pra mim e arriscou um possível e singelo sorriso pelo canto dos lábios. Eu mais do que assustada sem entender, olhei para a porta, pisei em falso, olhei pra ele novamente pra guardar aquele rosto e enfim desci. Já do lado de fora de toda aquela história que não pertencia a mim, tive compaixão pela moça que nem notou o quanto ela estava se iludindo com quem não estava dando a mínima para ela e graças a tudo aquilo, tive um resto de dia até agradável, afinal, eu já podia agora confessar pra mim mesma que o rapaz solitário tinha um belo rosto, acho que dava pra entender o fascínio que ele gerava na moça.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O dia em que encontrei o mais estranho amor da minha vida

Texto para o blog: Amores-cruzados

Vagando sozinha pela pequena ponte que rodeava um lago, percebi o quanto era belo aquele momento e toda aquela paisagem que estava ali se demonstrando para mim. Dei-me ao luxo de matar uma aula só pra ficar ali, observando tudo de belo que a natureza nos oferece. O céu azul, cintilando um azul bebê que fazia contraste com as poucas e rasas nuvens. O vento soprando as pequenas ondas que se destruíam suavemente ao colidir com as ferragens que suspendiam a ponte em que eu estava. Debrucei-me na beirada da grade mais próxima e fiquei apenas sentindo o que de mais simples se encontra nesse mundo hoje e que infelizmente nem todos sabem desfrutar.
Viajei nos meus pensamentos e sonhos. Fui a vários lugares, visitei amigos distantes, relembrei de rostos serenos que me deixaram saudades, me permiti abusar, usar e criar dos meus próprios momentos. Foi quando de repente, no auge da minha constante e fértil imaginação, notei que não estava só. Olhei rapidamente a minha esquerda e analisei brevemente o segundo sonhador que me acompanhava. Perguntei a mim mesma se ele estaria ali há muito tempo, se estaria também a me observar durante todo o meu percurso imaginário. Fiquei envergonhada ao pensar que tinha mais alguém a todo instante sonhando acordado ao meu lado ou talvez quem saiba me analisando e imaginando o que eu estaria fazendo sozinha por tanto tempo com um olhar tão vago. Mais que depressa, recolhi minha mochila que estava jogado aos meus pés bem do meu lado e joguei uma alça pelas costas já me virando para caminhar na direção contrária em que aquele estranho estava:
- Não precisa ir embora. Perdoe-me se te incomodei.
A voz era doce e suave, mas ainda assim me mantive apreensiva, afinal, estranho, é estranho. Virei-me lentamente para encontrar os olhos que me analisavam. Fui surpreendida com tanto calor humano que senti minhas mãos afrouxando na alça da mochila. Minha voz – que não saiu como eu queria e muito menos simpática como à dele - saiu fina e estremecida:
- Não. Eu... Já estava indo mesmo.
O olhar que ele me mandou e o sorriso singelo que ele soltou pelo canto direito da boca me fez sentir um fervor enorme nas bochechas. Estava torcendo para que minhas feições não entregassem toda a minha timidez:
- Notei que você estava indo bem com seus pensamentos até perceber minha presença. Não quis te assustar. Fiquei curioso pra saber o que de tão bom te criou aquela expressão de dar inveja.
Realmente eu estava certa. Fui observada todo o tempo e eu já não tinha mais forças pra lutar contra a minha vergonha:
- Ah! Eu só estava... Pensando em uns amigos.
O sorriso dele parecia ser cada vez mais encantador à medida que se alargava:
- Humm! Então suponho que você tenha belos e grandes amigos.
E dessa vez o sorriso me atacou por completo. Esse devia ser o estranho menos estranho que eu havia visto em toda a vida:
- É, são sim. Quer dizer... Grandes amigos.
Será possível que eu não conseguia parecer firme e correta com as palavras? Isso nunca havia me acontecido. Eu nem estava com medo mais dele, talvez porque ele nem parecesse tão mais estranho, mas talvez também porque ele estava me cativando a cada sorriso e olhar a mais que me lançava:
- Bom, não vou mais tomar seu tempo. Foi um prazer! E... Obrigada pela melhor expressão que já vi.
O sorriso dessa vez foi menor, porém tão charmoso quanto os de antes. Ousaria até dizer que foi mais significativo acompanhado de um olhar tão expressivo que parecia querer me dizer alguma coisa:
- Atá! É... Quero dizer... De nada, o prazer foi meu.
Nossos olhares se encontraram novamente e ele deu um passo à frente. Pude ver como seus olhos eram brilhantes e fervorosos como se a alegria habitasse ali constantemente:
- Permita-me ter essa visão novamente. Há anos venho vindo nesse lugar buscar algo que nem eu mesmo sei. Acho que só hoje algo fez sentido.
Foi então que meu coração deu um pulo maior de exaltação e me fez compreender o próximo encontro que eu teria com o estranho menos estranho e encantador que eu já tinha conhecido:
- Acho que amanhã minha aula pode esperar novamente.
Ele enfiou as mãos no bolso da calça jeans, retirou um papel dobrado e me entregou lançando-me uma piscadinha arrebatadora e disse:
- Por mais loucura que possa parecer, eu sempre estive preparado para esse momento.
Ele caminhou até mim, mas passando direto, com aquele sorriso lindo e charmoso nos lábios. Olhei para trás para acompanhar seus passos na direção do fim da ponte em que estávamos. Fiquei perdida por uns instantes em meus pensamentos, alguns sorrisos e olhares. Quando enfim me dei conta do pequeno papel em minha mão. Abri e lá continha:

“Eu esperei por você todo esse tempo que estive vagando neste local que meus sonhos sempre me mandavam vir em busca de algo. Eu sabia que devia ficar preparado para o dia em que encontrasse o que eu sempre soube que faltava pra completar minha vida. Se este papel está em suas mãos agora, saiba que é porque você foi à pessoa mais certa que passou em meu caminho até hoje. Te vejo amanhã e sempre, assim espero.”

Li e reli sem acreditar no que estava na minha frente. Eu estaria sonhando? Estaria participando de uma pegadinha? Ou aquele estranho era mesmo o maior estranho e louco que eu conheci? Só tive certeza de uma coisa. Loucura então se transmite, porque o que eu estava sentindo não era nada comparado a tudo que já tinha vivido. Voei para casa naquele dia e só pensei em deitar na cama logo e dormir para assim acordar no meu próximo melhor dia da minha vida.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Apresentados pelo sofá

Naquele momento eu achei que minha noite já estava dada como terminada. Enganei-me assim que percebi que um estranho se apossou do assento que estava vago ao meu lado. Não demorou muito, notei que tínhamos amigos em comum e devido a isso fui formalmente apresentada ao rapaz. Era até então uma personalidade normal como todas as outras, mas à medida que íamos criando uma proximidade maior, fui tomando consciência do quanto àquela pessoa estava deixando de ser só mais uma no meio de tantas. Seu olhar triste, mas também caloroso me fez sentir compaixão. A fala mansa e tão próxima dos meus ouvidos me puxava com mais curiosidade. Os minutos foram somando, em torno de nós todos se movimentavam para fora do local e eu ainda me sentia presa no sofá e na pessoa que eu acabava de descobrir. Não queria ir embora, não queria deixá-lo, não queria esquecê-lo em só mais uma noite da minha vida. Seria só mais um belo conjunto de beleza exterior com interior pra chamar minha atenção? Ou estaria eu já bem embriagada de puro cansaço ao ponto de estar criando expectativas demais onde não existia nada de tão bom assim? O fim de cada noitada só deveria terminar ao som da última badalada do “tic tac” do relógio da cabeceira de nossas camas. O fim nem sempre é realmente o fim. Podemos ser surpreendidos por personalidades, rostos, olhares e falas mesmo quando já estamos a caminho de casa. E são acontecimentos inesperados e agradáveis como estes que fazem todo o resto parecer muito melhor do que teria sido até ali.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Vida ou novela?

Quanto mais planejo metas para a minha vida depois de certas decepções, mais a própria vida me ensina que eu estou tentando lutar contra o que é mais forte do que eu, o inevitável destino. Tristezas vêm e vão, alegrias vem e vão, assim como também pessoas e amores vem e vão. Sempre me permito sofrer o necessário por cada perda e me alegrar com cada conquista. Também sempre me permiti ter ódio de quem tivesse pisado na bola comigo, como também tive meus momentos de ouvir o coração e saber que magoas passadas não ficam guardadas aqui, pelo menos comigo não funciona assim. Sei que existe perdão e sei usá-lo. Sei que existe reconciliação e também sei usá-la, porém nem sempre encaixo a reconciliação como as coisas eram antes de serem estragadas.
Vejo cada dia mais que o tempo é meu melhor amigo, o mundo gira, dando muitas voltas, longas, porém tão rápidas. Quando menos se espera, cai no nosso caminho aquele fruto largado no passado. O que se plantou lá atrás e não se tem mais vontade de colher agora, infelizmente ainda é pertence nosso. Querendo ou não, uma hora ou outra, o que se espera ou não, está aqui de volta, fazendo parte de nossas vidas. Assim está sendo comigo em um novo momento.
Às vezes sofro antecipadamente, crio milhões de viagens inexistentes na minha cabeça sobre pessoas e coisas que me fazem sofrer em uma determinada época, me alegro com ilusões e nada mais do que isso, me apego e acredito em pessoas que nem sempre estão sendo sinceras tanto quanto possam parecer pra mim, e assim vou indo, caminhando junto com minha inocência e exagero. Só que dessa vez acho que basta encarar o recado que a vida quer me dar. Não vale a pena viver apenas de constantes momentos ou de inconstantes sofrimentos. Pra que? Se logo mais na frente o destino me trará de volta aquele alguém que eu nunca mais iria querer por perto, ou trará outras tantas surpresas que farão de mim uma mera formiguinha diante de tudo que eu batalhei pra criar na minha mente. Assim se vive assim se aprende! Não compensa lutar contra o coração, não compensa lutar contra o destino, contra o tempo, contra as voltas que o mundo dá. Por mais que não se procure, o que talvez menos se queira é o que pode ser o que mais precisamos ainda enfrentar. O passado nem sempre é apenas passado e o futuro nem sempre é o único futuro que importa. Viver sem metas, sem ódios, sem magoas, sem programações pra fugir do que não se quer mais ajuda a não tombar na hora dos sustos que se toma com as peças que a vida nos prega. Minha conclusão final é que a minha vida, por exemplo, é uma novela literalmente, daria um bom livro!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Hoje são eles, amanhã serei eu

Dia nublado, o vento uivando do lado de fora da janela pedindo para entrar. Tudo parece mais frio e mais triste nesses dias. É como se fosse um dia perdido. Os pássaros escondendo pelos cantos de telhados das casas. A preguiça no ar, como se todos estivessem se sentindo assim, na menor vontade de trabalhar, de sair de casa, de sair debaixo das cobertas quentinhas e acolhedoras como só nossa cama pode fazer por nós nesses dias melancólicos. Pela janela dá pra se ver outros tantos rostos escondidos por trás de cortinas, em prédios em volta do meu. Monotonia. Seria a palavra correta pra se usar na descrição de climas como esse. Ainda me vejo no direito de ser um dos rostos por trás de uma janela que ao se recolher pra dentro do quarto, pode se enfiar debaixo de um edredom aconchegante e quentinho, acompanhado de um filme. Um chocolate quente, uma pipoca, brigadeiro de panela, porcarias em geral, combinam bem com esses dias. Mas já consigo me imaginar também daqui uns meses na minha nova rotina diária. Serei um rosto preguiçoso, observado por outros atrás de janelas de prédios. Serei a moleza em pessoa pensando na minha cama enquanto preciso estudar em dias frios e tristes como este. Terei inveja de quem está em casa, na cama, vendo filme. Terei inveja da vida que tive um dia. Da vida que tenho hoje e nem faz tanto sentido quanto vai ter daqui um tempo quando estarei lá fora na rua no lugar de todos aqueles que têm inveja de mim hoje.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Meu dia do ano é 10

Foi pensando em mim mesma e talvez olhando mais pra minha irmã que eu percebi o quanto o tempo voou. Eu aqui, praticamente com meus 19 anos de vida e ela lá com seus 10. Fazer aniversário é momento de festa pra muita gente, mas para mim além de festa, também é uma certa alegria, misturada com angústia entalada na garganta. Gosto do meu dia especial, gosto de estar rodeada das pessoas que mais amo e que também tenho plena certeza que me amam. Mas não gosto de saber que estou envelhecendo. Não gosto de estar encarregada cada ano mais de maiores responsabilidades, problemas e cargas da vida. Minha irmã, por exemplo... Olho pra ela e às vezes entro em crise de bobeira. Lembro-me de tudo que passei com ela quando era uma bolinha fofa, cabeludinha e pequena. Isso me trás imensas saudades. Nunca imaginei que eu viveria algo assim. Ter uma criança em casa pela qual eu vi nascer, peguei no colo, vejo crescer e à medida que o tempo chega, a enxergo cada vez mais esperta, madura, menos neném. Isso também de certa forma é um modo de cair a ficha para o meu envelhecimento. Gosto e não gosto desse dia do ano para mim. O filme da minha vida passa na minha cabeça e fico com os olhos marejados de lágrimas. De felicidade sim, de emoção, mas também quem sabe de apreensão. A vida é uma caixinha de surpresas! Mas já que não tenho outra escolha, afinal, ninguém tem... Que venha o grande dia. Dia 10, do mês 10! E pra ser mais precisa às 10h10min da noite. Dezenove anos de muita experiência, amor, amadurecimento, educação, caráter, respeito, sinceridade, verdades na alma, na consciência e no coração. Que tudo na minha vida continue sendo 10!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Quem conta um conto, aumenta um ponto. E quem cria um conto?

Quanto mais o conheço, mais acho que foi melhor assim. O que eu desejava antes era sensação de momento, de inicio, aquela coisa boa, o tal mar de rosas que todos vivem no começo dos relacionamentos. Nem sei se chegamos à altura disto, mas de uma forma ou de outra, o que eu queria antes não é de nada do que eu quero hoje. Penso diferente sobre tudo o que houve. Minha análise sobre ele mudou e a cada minuto a mais de convivência, muda mais. É difícil imaginar como as impressões mudam em uma fração de segundos. Basta uma palavra, uma ação e tudo que se tinha antes pode ser transformado no agora.
O agora já não quer o que poderia ser meu antes. O agora já me mostra que a imagem que eu tinha sobre aquele alguém, era superficial, pequena, vazia. O agora me mostra que eu quero e preciso de um alguém mais constante, completo, com mente gigante, coração vivo e pensamentos voadores.
O meu eu criou uma nova base de conduta para o meu coração e para minha paz de espírito.
Pensei por diversas vezes na possibilidade de um dia ainda reviver momentos do passado que não foram bem sucedidos naquela época e poderiam ter validade maior no futuro. Penso agora que essa era uma teoria meio banal. Não sei se faz mais tanto sentido. Tantas coisas do passado que eu tento concertar e acabo percebendo que não sou eu quem tem a ferramenta própria pra isso. Não fui à errada em certas histórias que tentei criar, não fui à vilã, mas também acabei não sendo a mocinha. Não era pra ser daquela vez e nem naquela história. A minha história só será feita quando os verdadeiros personagens chegarem aqui prontos e capacitados para fazerem o sonho se tornar o mais real conto.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O inesperado é Bem-vindo

Depois de certas frustrações, uma atrás da outra, me vi mais sozinha do que em outras fases que já pude ter parecidas como esta. Mas creio que essa é a primeira vez que me sinto bem estando assim, sozinha, sabem como é né?! Coração vazio e a cabeça mais em paz.
Porém algo me diz que mais uma vez a vida vai me pegar desprevinda. Quem sabe fazer uma surpresinha?
Quando o mundo parece pequeno e as possibilidades de surgir uma nova paixão se tornam mínimas ou nem existam, é bem aí que surge algo ou alguém que me mostra como posso estar enganada. Em meio a muitos conhecidos e nenhum interesse de minha parte por nenhum deles, me vejo tentada por alguém que não quer passar despercebido. Seria esta uma nova história próxima a começar? Estou mesmo pronta pra outra? Por quê será que tudo que menos espero em algum momento da vida é sempre o mais propício pra acontecer? E de certa forma me mantém surpresa por instantes e depois me faz acreditar que isso é bem-vindo (quando é algo bom, é claro).

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Abafa o caso

Pára o mundo que eu quero descer! Assim não dá. Até quando vou ser atormentada por fantasmas (idiotas) do meu passado? Eu realmente pensei que já tinha dado um ponto final, um tchauzinho pela janela. Enquanto vivo tranqüila e calma na minha santa paz, em um único e apenas único dia, me aparece pistas sobre certo alguém que já devia estar longe de ser até relembrado mesmo em memórias boas. O que afinal isso significaria a essa altura do campeonato? Quer mesmo saber? NADA! É isso aí! Passado é poeira escondida debaixo do tapete. Tem sempre alguém que encontra aquela nossa bagunça escondida, mas no meu caso, essa certa bagunça ou poeira em questão, não está mais nem debaixo do tapete. O destino merecido foi o lixão. E de restos, migalhas, poeiras e lixos, eu não preciso mais. Usei, gastei e joguei fora quando já não estava sendo útil. Certas coisas e também pessoas deveriam ter data de validade, acho que seria de utilidade pra facilitar assim a vida e prevenir certos desgostos. Mas como nem tudo pode ser como queremos... Os desgostos a gente transforma em experiências boas e o que já nem serve de aprendizado, vai pra debaixo do tapete ser abafado.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Basta ter você

Texto para o blog: Amores-cruzados

Pegue-me no colo, me olhe nos olhos, caminhe comigo assim em seus braços calmamente, me ponha na cama, me deseje boa noite, me dê um beijo na testa para demonstrar respeito, me cubra e me faça sentir protegida com você ali assim a me olhar. Prometa-me que ao acordar ainda vou ter o brilho da sua vida perto de mim mais uma vez. Olhe-me adormecer, me olhe sonhar, me ouça bocejar seu nome e no dia seguinte me permita saber que você não saiu do meu lado.
De manhã, me receba em seu colo de braços abertos, me deixe saber que você me acha linda mesmo descabelada e de pijama, me convide para um café da manhã ao seu lado, me proporcione inconstantes momentos ao seu lado, não importando onde nem como, basta ter você a me mimar e me amar dessa forma como só você saberia fazer.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Crepúsculo




Há dias que estou tentando segurar minha vontade desenfreada de ler. Isso mesmo! Sou uma completa viciada por leitura, livros, histórias em geral que prendam a minha atenção. Há poucos dias comprei o tão comentando livro Crepúsculo, o novo “best-seller” que deu origem ao filme também chamado Crepúsculo que irá chegar ao Brasil no dia 25 de dezembro (mal posso esperar). Passei por volta de três dias deitada na cama enquanto eu podia ter escolhido ir para festas. E por quê? Como se já não fosse óbvio... Para ler oras bolas. Quatrocentas páginas engolidas em três dias. Um livro fascinante que mistura de um amor proibido a um suspense fictício. É de tirar o fôlego. Eu recomendo. Afinal, são muitos os livros que eu li, mas foram poucos os que me fizeram sentir como se eu tivesse realmente vivendo aquele momento junto com os personagens. Tive direito a sorrisos, apertos no coração, arrepios e medo. Não teve como não me prender total a essa nova série que pretende ter milhares de fãs. 15 milhões de exemplares já foram vendidos pelo mundo. Eu mal tinha acabado de ler o primeiro e já pedia pelo segundo, terceiro, quarto. Fiquei pulando de alegria quando o segundo chegou aqui em casa (já disse, sou viciada mesmo). Ai daquele motoqueiro se não entregasse naquele dia (até parece que eu ia fazer alguma coisa). Mas agora aqui estou eu, me segurando, me privando até mesmo de olhar pra capa do livro pra não perceber que ele me chama: “Me devore”. Parece loucura (pode até ser), mas quero passar o final de semana com ele em minhas mãos e se eu pega-lo pra ler desde agora duvido que vá sobrar muito disso pra mim no final de semana. Pra quem quiser conhecer melhor, entra ai: http://www.twilightteam.com.br/
Vai por mim, vale a pena ler e depois também assistir essa história! o//


Sequência dos livros:

1º = Twilight

2º = New Moon

3º = Eclipse

4º = Breaking Dawn

Meu encontro nas manhãs

Aqueles olhos dourados e apreensivos inicialmente, pousaram em mim, causando um fervilhão ao meu coração. Meu estômago lotado de borboletas nervosas, minhas mãos cheias de formiguinhas agitadas. Não sabia se devia recuar o meu olhar ou se manter aquele repentino encontro seria boa coisa. Nervosa eu já estava. Mas mais nervosa eu ficava à medida que a expressão daquele belo rosto se mantinha calma enquanto a minha devia estar entregando todo o jogo. Eu não queria perder o contato daqueles profundos olhos sobre mim, mas também não queria mais dar certeza do meu interesse. O que ele estaria pensando afinal? Neste momento eu trocaria meu coração pelos pensamentos dele. A dúvida consome mais do que a dor de não ter, pelo menos assim parece ser nesse momento. Como eu queria ter esse mar de mistérios mais próximos de mim. Como eu queria poder ao menos tocar aquilo que logo me fascinava mesmo eu desconhecendo totalmente. O pouso daqueles olhos em mim por segundos me levou a imersos sonhos e pensamentos, mal sabendo o dono desses belos par de olhos que ele poderia me levar a uma eterna vida de sonhos caso me olhasse dessa forma por mais tempo ou ao menos me desse chance de uma maior proximidade. Quando notei que aquela ligação seria rompida entre nós, me afligi. Devo ter demonstrando todo o resto dos meus desejos nesse momento, afinal, meu semblante me entrega quase toda vez que perco o controle de mim mesma ao me perder em algo tão obscuro. Tentei me prender a aquela ultima imagem em seus olhos, dourados e profundos, suficientemente belos para o meu exagero de vontades. Enfim, isso é tudo o que consigo todas as manhãs. Um encontro contigo, no seu olhar, e nossos pensamentos voando, sem saber afinal, quando se encontrarão também. Se é que um dia vão se encontrar.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Conte aos seus netos

Ela pulou instantaneamente em seus braços, se envolveu em seu colo, chegou o mais próximo que pôde e o beijou, com carinho, com amor e com saudade. Olharam-se com um sentimento de finalmente terem realizado o que faltou durante todo aquele tempo que precisou ser vivido até chegar a isto.
Uma cena pela qual é bonita de se assistir. Dessas que só se encontram com tanta emoção, em filmes que geralmente tem toda uma trilha sonora pra ajudar e uma noite linda para compor. Mas afinal... Será mesmo que em nossas vidas simples e pacatas não pode haver um dia sequer em que iremos acordar com sede de amor e vingança pelo tempo perdido? Será mesmo que não existe mais coragem de batalhar pelo próximo? Será mesmo que não existem sentimentos intensos como os dos filmes? Beijos perfeitos como esses reparados pela tela do cinema que deixa tudo melhor? Arremato dizendo e querendo acreditar mais do que nunca, que SIM, existe e existirá sempre. Basta querer acreditar que nossas vidas são os filmes e os filmes são os exemplos de nossas vidas. Nós, reais, simples e pacatos é que damos verdadeiras motivações para as melhores histórias e criações. A tela do cinema, retratando o pior ou melhor filme, por trás vai sempre haver uma verdade, uma vida, uma pessoa real e acima de tudo, lotada de mais histórias para contar principalmente aos seus netos.