quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Parte XIV: O mais estranho amor da minha vida

Danton, Danton, Danton. Era tudo o que eu tinha na cabeça, era tudo o que eu andava sonhando há dias. As palavras de Ananda ainda pareciam recentes, zumbia dentro dos meus pensamentos, eu precisava de uma explicação, precisava também dar explicações. Eu não era culpada de nada, pelo contrário, nesse tempo todo eu estava sendo mais vítima do que outra coisa. Não existia alguém mais confusa do que eu em toda essa história. Danton havia me dado adeus e eu nem imaginava o por que. Forcei-me a parar de pensar em tudo aquilo novamente e coloquei-me de pé disposta a ter um dia de aula tranqüilo.
Tomei meu banho como de costume, vesti a primeira roupa que eu havia pegado no guarda-roupa e desci para tomar café. Vovó era a única que me esperava. Meus pais já haviam saído, na correria de sempre. Ao lado da minha xícara de café estava um envelope marrom. Olhei-o fixamente e depois olhei pra vovó na esperança dela me dar alguma explicação. Ela nem se quer se moveu, estava com a cabeça enfiada em uma revista. Notei que ela estava era me evitando ou talvez me dando a chance de escapar dali, de ter um momento mais privado com minha curiosidade e o envelope desconhecido. Aproveitei a deixa e sai da cozinha com o envelope entre os dedos. Sentei-me na poltrona mais próxima na sala e rodei o envelope nas mãos a procura de alguma identificação, mas não havia nada. Abri com cuidado e retirei de lá um papel brilhante que reconheci ser uma fotografia. Ao virá-la para mim, me assustei com a imagem. Era uma foto minha e bem recente pelo que parecia de acordo com as roupas em que eu estava usando. Não me lembrei de ter tirado nenhuma foto distraída daquele jeito, ainda mais naquele local, a ponte. Meu estômago começou a me incomodar como fazia toda vez em que eu ficava nervosa ou agitada, perdia a fome completamente. Eu já tinha certeza de que algo ali tinha a ver com Danton. Enfiei a mão no envelope de novo e retirei um último papel menor que tinha sobrado lá dentro. Notei de cara que a letra não era de Danton e nem tão pouco masculina. A caligrafia tava bem formosa:
“Detesto ter que procurá-la novamente, mas é para o bem de Danton. Achei essa foto em uma gaveta da escrivaninha dele onde até ontem havia outras milhares de fotos suas. Espero que você saiba o que está causando a ele, não o deixe converter esse amor em obsessão. Ajude-o. No verso você vai encontrar o endereço do loft onde poderá encontrá-lo.
Ananda”
E bem no fim do recado, Ananda escreveu um, ”por favor,” minúsculo. O que significou que foi bem difícil para ela ter que me pedir aquilo.
Virei o papel e fitei o endereço. Não me surpreendi quando notei que o loft de Danton era um dos pequenos e luxuosos prédios que se encontravam na rua de trás da ponte.
Fiquei alguns minutos a mais olhando a minha fotografia e imaginando o que poderia significar tudo que Ananda queria dizer com amor e obsessão. Só acordei da minha consciência porque Cacau tinha começado a latir insistentemente pedindo comida a vovó. Subi as escadas lentamente sem me preocupar muito se iria chegar atrasada ou não no colégio. Peguei minha mochila semi-arrumada em cima da minha cama e sai de casa, ainda com a foto, o envelope e o endereço nas mãos. Fui andando depressa deixando o vento soprar meus cabelos para me distrair um pouco. Cheguei ao portão do colégio e não encontrei nem o porteiro. Eu devia mesmo estar muito atrasada. Sentei-me na calçada e fiquei absorta na fotografia esperando até que alguém aparecesse para abrir o portão para mim.
As aulas naquele dia passaram voando por mim. Nem ao menos tive idéia de que professor estava dentro de sala.
Em casa na hora do almoço não consegui comer muito. Tirei uma soneca no sofá depois de almoçar, mas não serviu para nada. Meus pensamentos continuavam a me atormentar. Assim que me levantei do sofá, o papel com o endereço de Danton, já todo amassado, caiu do bolso furado da minha calça de uniforme. Peguei-o do tapete e li o endereço pela décima vez. Voluntariamente, sem pensar, sai pela porta da sala e fui direto até aquele endereço. Não pensei em mais nada naquele momento. Tive a sorte de encontrar a portaria vazia, pois o porteiro estava do outro lado da rua conversando com um senhor. Entrei correndo para não dar tempo de ser impedida e invés de pegar o elevador subi as escadas o mais depressa que pude. Cheguei ao quarto andar como me indicava o recado de Ananda e fiquei alguns segundos olhando para a campainha que eu deveria tocar. Fui interrompida por barulho de passos atrás de mim. Virei-me lentamente tentando pensar em uma boa desculpa para dar para o porteiro, caso fosse ele mesmo. Mas não era. O papel caiu da minha mão inconsciente daquela ação, minhas pernas ficaram bambas e senti minha garganta dando um nó. Parado na minha frente, estava um Danton totalmente irreconhecível. Descabelado, ainda de pijama, descalço e com algumas cartas e envelopes marrons nas mãos. Ficamos parados um olhando para o outro, com a mesma surpresa. Não conseguia me mover, até que Danton me contornou e abriu a porta atrás de mim. Ele não disse nada e nem ao menos fechou a porta na minha cara como eu talvez esperasse que ele fizesse depois de eu ter aparecido do nada. Caminhei o mais devagar que pude até a porta e fiquei olhando-o espalhar as novas correspondências no meio de tantas outras que pareciam já estar rasgadas em cima de uma pequena e redonda mesa de vidro que ele tinha em sua minúscula sala. Danton continuava a se mover de um lado para outro como se quisesse evitar minha presença. Depois de alguns demorados cinco minutos, ele surgiu de uma porta a direita da sala que parecia ser uma cozinha, com um copo d’água nas mãos. Olhou-me dos pés a cabeça e me forcei a fazer o mesmo para enfim perceber como eu tinha ido até a casa dele. Ou seja, de uniforme. Não me importei muito, afinal, ele estava bem pior que eu, porém, ele ainda tinha a sua incrível beleza e elegância de sempre que o ajudavam a estar lindo mesmo naquelas condições. Ele se sentou no sofá azul marinho ao lado da porta de entrada onde eu ainda estava de pé:
- Pode entrar e, por favor, feche a porta.
Eu não tinha mesmo a intenção de ir embora, então obedeci às ordens dele. Resolvi abusar um pouco e sentei-me ao seu lado no sofá. Ele parecia evitar olhar pra mim:
- Danton, eu...
Antes que eu pudesse dar inicio a qualquer que fosse a minha desculpa por aparecer ali assim, ele se virou pra mim rapidamente com os olhos brilhando de um jeito que eu nunca tinha visto. Pegou em minhas mãos e foi subindo os dedos por meus braços até alcançar meus ombros. O calor de seu toque me deixou arrepiada e eu não conseguia mais me lembrar do que deveria dizer a ele. Ele foi se aproximando de mim com calma, mas seu cheiro estava tomando conta total do meu corpo, eu não conseguia me mover contra ele. Qualquer que fosse sua intenção, eu não me importava. Quando dei por mim, já estava em seus braços derretida em um beijo gentil e feroz ao mesmo tempo. Mesmo de olhos fechados senti uma lágrima escorrer por meu rosto e as mãos quentes de Danton me puxaram mais para perto de si. Dentro de mim não havia mais nada além de um sentimento grande, lindo e desconhecido como tudo tinha sido pra mim até aquele momento.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Um mês não vale por um ano

Fico me perguntando por que parece ser tão difícil pra ele demonstrar sentimentos, vontades, pensamentos, sonhos e romantismo? No coração de quem ama sempre existe aquele tum-tum mais forte que gera ações imediatas, suspiros mais longos, vontades malucas, paixão, fogo, desejo de sempre estar junto, sonho de compartilhar tudo que se vive até em pensamentos individuais. E depois de tantas idas e vindas, sorrisos e lágrimas, brigas e reconciliações, ódio e amor, tudo parecia ter um final feliz. Era como se a partir daquela nova etapa do relacionamento tudo fosse ficar maduro, mais amigável. No entanto, o tempo parece lutar contra os corações que insistem por paz. A lei dos homens também parece cutucar quem não devia. Mais uma vez o ciclo vicioso retorna pra dentro do nosso relacionamento.
Ele vai se distanciando até mesmo sem perceber. Vai deixando tudo nublado, confuso. Prefere não dar explicações e jamais aceita uma reclamação, senão vira motivo de estresse. A vida bandida, vida noturna, vida alcoólica, vida com os amigos parece chamá-lo mais a atenção. Nossos momentos parecem perder o sentido para ele. É como se o brilho de antes estivesse sendo apagado por tudo que ele insiste em viver sem mim. O sorriso bobo que brincava nos lábios dele quando me encontrava aos poucos foi sumindo. Os olhos de admiração que ele fazia ao me observar também perderam o encantamento. A voz mais suave que ele insistia em fazer pra me dizer doçuras ao pé do ouvido foi banida. Tudo aquilo que ele fazia questão de usar em minha presença pra me derreter, foi jogado fora junto com toda sua vontade de me conquistar dia após dia. Todo seu envolvimento naquela paixão iniciante se rompeu em mínimos dias. Sabe-se lá por que, mas tudo ficou triste tão de repente. Sinto falta das risadas bobas, das conversas jogadas fora até altas horas, dos flertes, dos carinhos mais generosos, dos elogios mais doces, dos beijos mais demorados e apaixonados. Queria eu ainda poder dormir lembrando dos sonhos que planejamos juntos e acordar sorrindo sozinha só de saber que você é um motivo a mais na minha vida para me deixar feliz. Queria também ainda poder criar esperança sobre uma suposta surpresa que você viria a me fazer só pra me mimar e me fazer perceber como sou importante pra você até mesmo em um dia comum. Queria poder esperar um telefonema ou um torpedo no meio do dia só pra saber que você estava pensando em mim. Queria eu poder acreditar que todas essas coisas vão e voltam rapidamente para a cabeça de um homem assim como eles esquecem de que tem uma mulher esperando para ser conquistada todos os dias de uma vida inteira e não só por um mês de todo um relacionamento.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Faça-o provar do próprio veneno

Homem só é burro quando quer, ou melhor, quando não quer. Traduzindo: Eles se fazem de burros, sonsos, tapados, desligados, quando não TE querem. Já ouviu dizer que o contrário do amor não é o ódio e sim a indiferença? Pois então, ta ai tudo que precisamos saber. E a maioria de nós até já sabe disso, só não quer enxergar. É bom alimentar esperanças, arrumar desculpas para as desatenções deles, literalmente tampar o sol com a peneira. Só que fazer isso também nos leva a viver relacionamentos de mentira, sozinhas. Faz-nos acreditar em homens românticos, amigos e compreensivos que não são nada parecidos com os que temos em nossas vidas e corações. É triste, eu sei. Eu mais do que ninguém posso dar exemplo. Mas sinceramente to é cansando já de ser a sonhadora, calma, compreensiva que sempre cede e aceita as circunstâncias acreditando que tudo vai me levar ao meu tanto sonhado tratamento de princesa. To morta de saber que príncipe não existe, não to procurando por nenhum, afinal, já tenho o meu próprio. O problema mesmo é transformá-lo no último romântico de todos os tempos. Também já to quase careca de saber que existem pessoas e pessoas, cada uma com seu jeito e ninguém muda pelo outro. Não to com intenção de mudar nada nem ninguém. Mas... Esperança deve ser amiga da paixão porque ela sempre ronda por aqui. Ela me ensinou dessa vez que existe pelo menos um caminho a seguir para tentar melhorar esse nosso sofrimento com esses homens insensíveis. O caminho tem um nome. Chama-se: imitação. Já deu pra entender onde quero chegar? Basta imitarmos os nossos futuros príncipes. Ele ta se fazendo de burro? Então finja que é uma jumenta. Ta se passando por sonso? Então finja que você tem perda de memória recente e também ta quase ficando surda. Ele abusa ainda mais e demonstra ser tapado? Então lhe dê um tapa bem dado! Ops! Quer dizer, nada disso. Força do hábito não é mesmo? Não tenho sangue de barata. É o que dá vontade de fazer, mas não é a solução. Então se ele forçou pra cima de você e se fez de tapado, você simplesmente finja que não ta notando nadinha! Ele bancou o desligado? Você vai bancar a conformada e muda. É mais ou menos por esse lado. Quanto mais o cara der um de ‘to nem ai’ mais nós temos que sumir da reta deles. Não reclama, não liga, não procura, não briga e muito menos faça questão. Ta, eu confesso que não é fácil fazer tudo isso. Eu mesma ainda to em fase de teste, mas é lutando que se alcança. Se o cara gosta mesmo da gente, uma hora ele há de acordar, porque sinceramente, eu já cansei de perceber que quando eles querem, quando ta tudo no início, sendo flores, eles loucos de ansiedade pra nos conquistar nos dão o mundo e nos paparicam 24 horas, mas depois dessa primeira fase tudo muda não é? E ai ficamos a perguntar: cadê aquele fofo de antes? Pois é minha filha! Se um dia ele existiu é porque os safados fingidos de sonsos sabem como ser príncipes. Se não estão sendo ultimamente então é porque estão entediados ou perderam o interesse. Reavivem o interesse deles garotas. Somos poderosas e eles não resistem a uma mulher que sabe viver bem sem eles! Vai por mim.