segunda-feira, 26 de abril de 2010

A maior dor

Não tenho com quem compartilhar essa dor. Simplesmente por ser a minha maior dor. Não me lembro a última vez que chorei, não estava me permitindo soltar lágrimas por ninguém, não de tristeza, eu escolhi sorrir e meus olhos só se pronunciariam com lágrimas se fossem de felicidade.
Hoje decidi não lutar nem negar, segui minha lei, sinceridade com as emoções. Aceitei a angústia que tomou conta de todos os pontos do meu corpo, aceitei os pensamentos que voaram direto pra você.
Lembro-me do dia em que te dei Adeus. Escolha minha, eu tive certeza e ainda tenho, eu fiz o certo. Os motivos que me fizeram tomar aquela decisão é que nunca foram certos. Insuportável ter a sensação de que aquele fim, não foi realmente o fim. Histórias que escolhemos não mais viver devido a erros, problemas, confusões, parecem sempre voltar, como se pedissem para ter um final, feliz ou não, mas um final decente, um final com ponto final, não com uma vírgula que só serve para anteceder o que não se pode resolver imediatamente.
Naquela noite eu fiz o que tinha que fazer. Optei por mim, ainda estou optando por mim e aprendi a sempre optar por mim antes de tudo e todos. Não abrirei mão dessa condição. Lutei por nós até onde pude, mas não se ganha uma guerra sozinha. Decidi renegar ao que mais pensei que amava, ao que eu mais achava que era necessário. Abri mão de você, pra me receber de volta. Aqui estou, novamente completa, livre, bastando-me, permitindo-me. Por isso hoje eu me permiti viver você como não vivia desde aquela última noite. O que eu não sabia era que iria descobrir o quanto dói sentir que espero sua volta.
Por mais errado que seja, por pior que pareça aos olhos curiosos, ainda sim me parece certo.
Perdi as palavras, perdi o sussego. Esqueci-me como sou boa em me expressar. Tudo porque me deixei ser levada e lavada pelas lágrimas. Última vez em que chorei foi ao te deixar ir, na despedida, depois nunca mais me lembro de ter parado sequer pra pensar em algo parecido.
Eis que aqui estou. Entregue ao momento, entregue a essas palavras que tentam cuspir por mim um pouco da dor. Essa dor tão mais dolorosa do que parecia ser. É por saber que ela existe que percebi que não tenho com quem contar. Amigas não saberiam entender, por mais silêncio que façam, eu saberia que a mente de cada uma delas iria borbulhar mensagens contra mim, a falta de experiência próxima ao que passei não permiti que elas possam distinguir o que seria passar por algo assim. Minha família... Primas, tias... Tão pouco teriam paciência. Para elas parece mais fácil dizer que o que dói não faz sentido, é errado e dessa forma concretizam que a culpa é minha e só minha por cultivar pensamentos sobre você. E minha mãe? Ela que é minha melhor amiga, meu espelho. Já tirei tanto o sono dela por esses meus momentos e sofrimentos. Algumas vezes eu simplesmente não sabia, ela deixava de dormir pra chorar a minha dor, outras vezes, eu mesma a acordei pra ficar me ouvindo, tentando ao menos me acalmar, me fazendo acreditar que tudo é menos ruim do que parece. Mas hoje não dá pra contar com ela também. Noites mal dormidas, choros de preocupação, também deixam qualquer um estressado. E o pior... Ela pensa que por me ver sorrir, eu não tenho mais tristezas. Se ela soubesse da real verdade que eu já sei que ela desconfia que existe dentro do meu coração, ela iria me pré-julgar. Consigo imaginar o tom da voz, e a forma como ela perguntaria o porquê de tudo ter mudado, o porquê eu voltei a pensar em quem não deveria. Sei até que ela seria capaz de me chingar, bancaria a insensível, fingiria mau humor e me diria pra simplesmente esquecer. Ou seja, voltei à estaca zero, afinal, o que mais ouço em relação a tudo isto é realmente essa palavra: esquecer.
Esquecer não é solução, nunca foi e que sirva de aviso pra quem ainda tenta. Esquecer simplesmente serve como válvula de escape pra quem consegue manter a mente ocupada. Esquecer é pular de galho em galho. Esquecer é evitar pensar, evitar crescer. Esquecer é o inimigo da maturidade. Esquecer impede soluções. Esquecer não faz ninguém superar.
Aprendi isso e não largo mais. Necessito de outra forma de ajuda. As palavras me aliviam, me sugam um pouco da carga pesada, mas a grande massa, o miolo, vai continuar dentro de mim.
Fico imaginando como seria a volta, como seria talvez te receber de novo.
Confesso que sinto falta do seu abraço, do seu colo que me acolhia. Eu não suportaria ganhar esse carinho de novo sem demonstrar que isso me abalaria.
Mas é o que eu mais gostaria de receber agora.
Parece loucura, e é mesmo. Mas eu gosto assim, prefiro tentar, prefiro arriscar invés de largar pra lá e fingir que consigo seguir em frente quando na verdade mesmo sem perceber tem sempre algo me puxando, me prendendo no passado, me fazendo esperar, me fazendo viver sem estar 100% preparada pra atingir meu futuro sem você.
Não te aceitaria se ainda soubesse que tudo o que larguei ainda habita você.
Mas também não consigo lidar com o fato de te perder para uma mentira em que você insiste em levar adiante apenas pra conseguir provar a mim ou quem quer queira ver que você é capaz de seguir em frente.
Só se lembre, por favor, de acabar com a farsa em algum momento, mesmo que demore, mas termine com ela antes tarde do que nunca, pro seu bem.
Foi você quem me ensinou que amor é um só para toda a vida. Acredito em vários amores, mas se o seu é o meu maior e sempre será, então não deixe que ele se vá, não o esconda por baixo de mentiras e orgulhos.
Da mesma maneira em que sei perdoar até mesmo o que não deveria, eu sei que você sabe se libertar.
Demore, mas venha. Mesmo que não signifique nada, mas ainda assim, volte.
Eu preciso do seu abraço. Ele é o único em que sempre me tirou do mundo e me salvou de tudo que parecia impossível. Seus braços, seu calor, seu colo, toda aquela forma de me carregar, de me preencher, de me fazer sentir protegida, só você sabe fazer isso. O seu abraço é o único que sempre precisei e nunca posso ter quando mais necessito.
Me ajuda... E assim poderei te ajudar. Nem que seja apenas para percebermos que o que era de verdade se apagou com o tempo, mas ainda assim precisamos descobrir juntos, e não fugindo um do outro como se à distância e a amargura de nossos corações separados pudessem solucionar o fim que foi mal resolvido pelos seus próprios erros. Erros estes que você comete justamente porque sempre escolhe esquecer invés de aprender e superar.
Tá na hora de crescer! Tá na hora de voltar!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Tenha a si mesmo


Aprendi a me cuidar sozinha. Aprendi a caminhar sozinha. Aprendi sonhar sozinha. Aprendi crescer sozinha. Aprendi admirar a vida sozinha.
Não me refiro a falta de companhia, falta de amigos, família, nada disso. Estou falando do coração, do amor.
Ainda acredito sim que quando estamos amando tudo parece mais belo, mais fácil, suportável e pleno. Mas a fase em que permito estar também está me presenteando com muita maturidade, felicidade, liberdade e formas sentimentais que também valem a pena experimentar.
Cheguei a um determinado momento da minha vida em que eu posso olhar para trás e perceber do que eu abri mão, e principalmente perceber o que eu ganhei desde então por ter renunciado.
Se me perguntarem sobre arrependimento eu irei responder que não tenho ou que não me permiti mesmo parar pra pensar em ter. Sou completamente crente na ideia de que todo o meu passado me criou como sou até hoje, e sou grata a isso, sou satisfeita, plenamente contente com quem sou.
Acrescento mais. Desde muito tempo em que acredito que nada é por acaso, e agora além de ter certeza disso, eu pude perceber que coincidências também não são meras, particularmente tive motivos que me fizessem acreditar que elas são sinais, intuições e ações de Deus, porque também acredito na minha enorme fé e sei que nosso Papai do céu nos olha, protege e principalmente move pauzinhos para deixar ou não que tudo aconteça.
Por tudo isso eu me permito caminhar devagar, mas ter urgência nos detalhes de cada momento vivido. Permito-me curtir todas as ocasiões em que estão vindo de encontro a meu caminho. Estou sozinha sim, o coração ta livre, mas quieto, tirou folga talvez de um grande amor, mas jamais estará vazio, o preencho cada dia mais com diversas pessoas que se tornam especiais pra mim. Como eu disse no ínicio, não estou sem companhias, só estou na liberdade, explicando melhor, de férias do amor. Há quem diga que isso é ruim, ou talvez mentira, mas eu discordo. Todo momento se faz importante, valioso e bom a partir de como o vivemos. É disso que estou falando, viver, sem olhar pra trás, sem esperar o futuro.
A falta do gostar de alguém às vezes bate na porta, inevitável, acontece até para os mais insensíveis. Mas não ta sendo a urgência agora, não ta sendo prioridade. Comecei a descobrir lados desse mundo antes desconhecidos pra mim, gostei de voar mais alto, gostei de me jogar, gostei de não precisar me preocupar com mais ninguém além de mim, gostei de tomar as redéas das situações em que posso criar, gostei de tomar escolhas sem precisar de opiniões alheias, gostei até de errar e arrumar confusões só porque eu sabia que eram momentâneas e que sou a dona da minha história. Assim como escrevo textos e os julgo importantes ou não, inventados ou verídicos, descobri que posso fazer isso com minha vida. Não que eu esteja vivendo mentiras, cultivando falsidades, jamais, longe de mim algum dia me deixar cultivar no caminho de valores tão ruins e que eu julgo desde que me entendo por gente, serem as piores partes do mundo.
Estou gostando de viver intensamente um lado em que eu achava que não tinha nada de intenso. É renunciando que se enxerga o outro lado, que se dá valor ao que antes não tinha mérito aos nossos olhos.
Enquanto houver sentido aqui onde estou, continuarei ficando. Só saio daqui agora quando o amor voltar a fazer loucuras por mim, quando ele se tornar meu aliado e não mais meu inimigo.
Resolvi não aceitar mais nada e nem ninguém que não saibam ser completos, que não saibam largar o medo e arriscar sentimentos. Impus a meu coração que só se abra por inteiro pra alguém que saiba faze-lo bater cada dia mais, que saiba faze-lo doer de emoção, que saiba faze-lo diminuir de saudade, que saiba faze-lo acelerar de vontade. Nunca gostei de metades, sempre quis integridades. Hoje mais do que nunca optei pela emoção invés da razão, rejeito o que é morno, acolho o que é completo, dispenso friezas, aceito calores, jogo fora o vazio e admito tudo que é 100%, ou é tudo ou nem se aproxime.
Parece muitas vezes que bloquiei a abertura da minha vida e do meu coração, mas quem sabe se aproximar e se faz merecer atenção logo percebe que não me fechei, simplesmente estou selecionando, buscando qualidade, certezas, intensidades.
Nunca estive tão certa e tão plena da minha alegria de viver sem dependências, sem qualquer expectativa depositada em pessoas que jamais alcançariam o perfeito do que eu gostaria, ninguém é capaz de nos completar por inteiro, justamente porque já somos completos, somos capacitados para exalar felicidade, paz e tudo de melhor que quisermos. As pessoas e tudo que elas nos proporcionam são acréscimos para nossas vidas, tudo que se achega é lucro, é mais motivo para somar felicidades. Bastar-se é necessário para a satisfação, para aprender a não depender de nada nem ninguém, é assim que se aprende a enxergar tudo e todos como vitórias conquistadas e não necessidades.
Exatamente por ter conseguido subir esse degrau de consciência é que sei que sou e posso ser tudo o que quiser ser, pois eu sou a única responsável por mim mesma, por tudo que quero ou não viver, e o resto? Que resto? Ninguém precisa de restos quando já se tem a si mesmo.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Acreditando na intuição



É olhando pra trás, relendo textos antigos, que percebo muitos momentos parecidos com coisas que vivo hoje, mas, de certa forma é inevitável tambem não notar a maturidade e a carga de experiência que se acrescenta na minha vida e nas minhas palavras.
Há dois anos atrás, por exemplo, eu escrevia sobre um fantasma do passado que me atormentava em sonhos, pensamentos e ameaçava voltar pro meu convivio. Eu dizia sentir que algo estava prestes a mudar, que alguém estava se aproximando e isso iria mudar minha vida. Textos pelos quais eu escrevia sem nem ao menos ter ideia do que poderia vir pela frente, eram só suposições, sensações, intuições. No entanto, hoje sei que eu estava certa. Me aconteceram muitas coisas das quais eu imaginava e outras tantas que eu nem mesmo poderia supor. A vida, o destino, o acaso, Deus... Tudo trabalha pra me surpreender, e hoje tenho certeza de que nada é por acaso. Minha intuição não falha, e sempre que eu senti que algo mudaria, realmente mudou. Sempre que pensei que alguém me surpreenderia, assim foi. É pensando em tudo isso que dá até um frio na barriga. Fico a imaginar, viajo em pensamentos, analisando se tudo do que eu pressinto hoje poderá acontecer amanhã. Se há dois anos atrás eu sentia algo que realmente um tempo depois se concretizou, então por que agora seria diferente?
Meu coração parece que meio um sinalzinho de alerta, nele eu sei que posso confiar, quando a aflição bate ou a emoção toma conta, logo tenho certeza de que posso acreditar na minha intuição ou pensamento do momento. Assim me permito viver, assim me permito acreditar em boas novas para o futuro. Por mais que eu enfrente turbilhões, decepções, lágrimas, problemas, doenças, falsidade e afins, ainda assim eu tenho como acreditar que mais pra frente muita energia boa, muitos acontecimentos satisfatórios, muitos sentimentos sinceros, muitos sorrisos alegres se achegarão a mim. Não temo o lado ruim de tudo que eu tenho que atravessar, pois sei que depois da tempestade o dia nasce mais belo. E sei também que meu coração mole me deixa às vezes em posição de vítima esmagada, mas que com certeza num futuro serei recompensada e jamais castigada por ter vivido na verdade, no amor, no perdão, acreditando e buscando todos os dias pelo lado bom de cada pessoa que entra no meu caminho. Quem planta o bem vai colher o bem. Tenho minha consciência no lugar, vivo o que tiver que viver, aprendo tudo e mais um pouco de qualquer experiência que passo e aguardo pelas positividades que sei que algum dia conseguirei alcançar. Minha intuição me deixa sobre aviso, logo, já imagino que muito do que ando vivendo é provisório e talvez o pouco que eu não dê valor irá ainda me provar que devo acreditar mais do que já acredito nas pequenas coisas. Detalhes que deixamos passar nos pregam pegadinhas depois. E quando menos esperamos, de quem menos esperamos, surge uma história valiosa.